Com faturamento anual de US$ 490 bilhões, o mercado contábil mundial está em franca expansão e, nos próximos anos, o Brasil tende a se tornar o número um do setor.
Para isso, o empreendedor precisa olhar para si, assimilar as transformações tecnológicas, sociais e mercadológicas que impactam o negócio e mudar o mindset na hora certa para sair na frente.
Fernando Dolabela, grande escritor empresarial, definiu o empreendedor como “um insatisfeito que usa o seu inconformismo para criar soluções, serviços, produtos”.
Pura verdade. A lei da gravidade serve tanto para a física como para os negócios: tudo que sobe, desce. Nenhuma fórmula exitosa dura para sempre. O sucesso reside no entendimento de que tudo está em constante mudança.
Muitas vezes, a transformação deve ser feita na base, no modelo de negócio, na forma como se agrega valor ao cliente, mesmo que a empresa esteja navegando no mar da prosperidade.
Esse processo é doloroso. A saída da zona de conforto traz riscos e exige novo modo de pensar. No entanto, quem não muda, já está fadado ao fracasso.
Brasil como potencial líder mundial no setor contábil
De onde vem o potencial do Brasil para tomar a dianteira e conquistar a medalha de ouro no segmento empreendedor contábil?
Primeiramente, do grande universo empresarial: são quase 20 milhões de empresas constituídas no território nacional, uma marca dificilmente batida.
Outro ponto favorável é a prática de cobrança por receita mensal recorrente em detrimento do modo utilizado na maioria dos países por hora trabalhada, que tem se mostrado ineficaz em virtude da tecnologia.
Enquanto outras nações correm atrás do prejuízo, o mercado brasileiro já está adaptado ao formato de sucesso utilizado por outros segmentos e empresas, a exemplo da Amazon e da Netflix, que vêm consagrando o modelo por assinatura.
Já o mercado contábil, no mundo, é dividido em três níveis:
- Terceirizador, que corresponde à execução de tarefas como cumprimento de obrigações acessórias;
- Consultor ou Educador, relacionado à oferta de serviços técnicos como precificação ou planejamento tributário;
- Conselheiro, ligado à estratégia e tomada de decisão.
Tecnologias como machine learning, deep learning e robotic process automation já estão postas e vão absorver o nível 1.
Mas, as oportunidades estão nos níveis 2 e 3, exigindo a requalificação de importantes capacidades humanas como empatia e comunicação, que ganham mais relevância a cada dia.
Uma alusão pode ser feita com os serviços bancários: são vitais – nível 1, ninguém mais renuncia às facilidades trazidas por aplicativos e outras ferramentas,
Mas quando alguém tem o seu cartão clonado, exige o contato humano para resolver o problema. Dessa forma, sempre existirá alguém que alimente o mecanismo de inteligência artificial e que conheça o negócio.
Mas afinal, o que é BPO?
Muitos profissionais da contabilidade têm falado em BPO, certo? Mas, o que é o BPO?
Business Process Outsourcing (BPO) é a terceirização de processos de negócios que, em geral, usam (ou deveriam usar) intensamente a tecnologia da informação.
Pense bem: por que uma empresa terceirizaria um processo de negócios dela?
As respostas podem envolver:
1. Foco maior no core business
2. Redução de riscos
3. Garantia da continuidade das operações
4. Garantia da conformidade legal
Mas, na realidade, tudo isso se resume a um ponto: redução do custo total da operação. Se fosse mais barato, a empresa certamente teria aquele processo interno e não o entregaria a um terceiro.
E, inclua neste conceito de barato o custo de oportunidade (foco no core business), custo do risco, conformidade e o de continuidade.
Tecnologia é fator critico de sucesso para o BPO
Por isso, a empresa fornecedora de serviços de BPO deve utilizar intensivamente tecnologia. Sem automação dos processos, integração da cadeia produtiva dos clientes e mecanismos de autoatendimento, o BPO deixa de ser competitivo.
Basicamente, todos os escritórios de contabilidade são empresas de serviços de BPO. Eles fornecem a terceirização de processos contábeis, trabalhistas e tributários. E, como você já deve ter percebido, o BPO é classificado como serviço nível 1.
Mas então, por que tantos empreendedores da contabilidade buscam criar a oferta de BPO do contas a pagar, receber ou mesmo faturamento de seus clientes?
Há três razões importantes que explicam essa busca:
- Ainda é um mercado onde há mais demanda que oferta, quando nos referimos às pequenas e médias empresas. Portanto, ainda não há competição por preços tão forte.
- O BPO dos processos financeiros gera um efeito sinérgico com o BPO do processo fiscal e contábil, resultando em um custo total da operação menor.
- A acuracidade das informações e a maior eficiência dos processos (BPO contábil, fiscal, financeiro), facilita de forma extraordinária a prestação de serviços consultivos e aconselhamentos estratégicos.
O fato crítico de sucesso da oferta de BPO mais amplo, ou seja, contábil, fiscal, trabalhista e financeiro, é o uso intensivo de tecnologia.
Então, se seu foco está nas pequenas e médias empresas, é imprescindível a utilização de um sistema de gestão empresarial (ERP) em nuvem, devidamente integrado aos sistemas de processamento da contabilidade, folha e fiscal.
Transformação no perfil do profissional de contabilidade
Enfim, o profissional de contabilidade não será extinto, mas o seu perfil será transformado. No lugar de executor, assumirá os papéis de consultor e conselheiro.
Obviamente, a partir de uma mudança no seu modelo mental: de executor para consultor, conselheiro e, sobretudo, empresário.
Com esse novo mindset, os escritórios serão como empresas de tecnologia, que entregam conhecimentos contábeis e científicos integrados.
Mais que isso, enxergarão genuinamente o cliente e entregarão mais valor, junto com uma melhor experiência. Com toda essa perspectiva, o mundo inteiro volta os olhos para o mercado contábil brasileiro.