por Lúcia Helena de Camargo | DCI
Hoje a meta de todo setor, especialmente em momentos de economia ruim, é a reinvenção. Com as empresas contábeis não é diferente. Entre as receitas para se reinventar estão franquias e escritórios on-line, mas acima de tudo um substancial investimento de energia dos profissionais na transformação de processos falhos em eficiência.
“Desenvolver soluções com profundo conhecimento do mercado é a base do sucesso”, ensina Roberto Dias Duarte, especialista em gestão contábil e autor da série de livros Big Brother Fiscal. As franquias, segundo Duarte, estão entre as mais promissoras apostas para a área nos próximos anos. “No Brasil ainda são recentes. A primeira foi a NTW, surgida em 2011. Nos Estados Unidos, onde começaram há quase duas décadas, está a maior franquia contábil do mundo, a Liberty Tax Service, que possui 4,5 mil unidades e faturamento na casa dos bilhões”, diz. “O que eles fizeram de mágico para chegar a isso? Criaram ferramentas de apoio à gestão.”
“Aqui temos franquias de médicos e dentistas. Funciona da mesma maneira com contadores. Ninguém vai ensinar o médico a curar o paciente, mas a franqueadora o ajuda a administrar o negócio”, compara. A NTW, da qual é sócio, chegou a 35 unidades, com franquia até em Moçambique. O processo de implantação leva de dois a três meses e a taxa de franquia varia. Uma empresa média paga em torno de R$ 60 mil. O retorno geralmente demora de seis meses a um ano. Mas há casos excepcionais. “Dois jovens empreendedores do Mato Grosso fizeram tudo tão certo que recobraram o investimento já no primeiro mês”, conta.
Além das franquias, outro caminho para se reinventar pode ser a abertura de um escritório de contabilidade on-line, sem sede física, que geralmente atende empresas com faturamento de até R$ 10 mil, cobrando mensalidades entre R$ 50 e R$ 100 – valores bem inferiores aos honorários de escritórios de contabilidade.
Nem todos, porém, veem com bons olhos as novidades. Tradicional, Sandro Rodrigues, sócio-diretor da Attend Assessoria, Consultoria e Auditoria, critica o modelo de franquias e ainda mais os escritórios virtuais. “Embora haja uma tendência no mercado para essas inovações, pensamos que esses modelos de negócio ainda precisam amadurecer, por entendermos que o grande diferencial dos escritórios passa pela apresentação de soluções através da empatia, que caracteriza o relacionamento entre cliente e contabilista.”
Heverton Gentilim, gerente de produtos da Wolters Kluwer Prosoft, gigante do ramo de contabilidade, pondera: “O evento do eSocial fará essa comunicação ainda mais necessária, pois serão muitas etapas, principalmente em relação à folha de pagamento, que tem mil peculiaridades.” Para dar conta do volume crescente de trabalho, ele lança mão da comprovada dupla poderosa: tecnologia e capacitação. “Para otimizar processos, precisamos unir a inteligência das pessoas à rapidez das máquinas.”
Com cerca de 54 mil escritórios de contabilidade no País e 490 mil profissionais, a competição no ramo do empreendedorismo contábil é grande. Segundo Sandro Rodrigues, ganha quem enxergar mais longe. E o primeiro passo nesse sentido seria usar eventos como o Sped em benefício próprio. “Os órgãos fiscalizadores passam a ter acesso às informações dos contribuintes. Noutra banda, conseguimos detectar em tempo real eventuais inconsistências e correções que precisam ser feitas. Isso evita surpresas, fomenta e premia a proatividade por parte dos escritórios contábeis.”
Fonte: http://www.dci.com.br/