TL;DR: O Facebook enfrenta uma crise de relevância cultural, levando executivos da Meta a considerarem mudanças radicais como substituir o modelo de “amizades” pelo de “seguidores” ou até mesmo apagar todas as conexões dos usuários para forçar um recomeço, enquanto Zuckerberg busca uma visão unificada para garantir o crescimento sustentável da plataforma.
Takeaways:
- A Meta identifica que a relevância cultural do Facebook está diminuindo rapidamente, mesmo com engajamento estável, o que pode indicar problemas futuros graves
- O modelo de “amizades” é visto como ultrapassado comparado ao modelo de “seguir” adotado por outras redes sociais modernas
- Entre as soluções consideradas estão a adoção completa do modelo de seguidores, eliminação do conceito de “curtir” páginas e, mais radicalmente, apagar todas as conexões dos usuários
- Zuckerberg anunciou planos de retornar ao “OG Facebook” em 2025, começando com o relançamento da aba de amigos para reforçar conexões pessoais
A Luta da Meta para Manter o Facebook Culturalmente Relevante: Estratégias Radicais em Consideração
Em um cenário de redes sociais em constante evolução, o Facebook – a plataforma que revolucionou a forma como nos conectamos online – enfrenta um desafio sem precedentes: manter sua relevância cultural. Documentos recentes revelados pela FTC trouxeram à tona discussões internas da Meta que mostram a preocupação da empresa com o futuro da plataforma e as estratégias, algumas radicais, que estão sendo consideradas para revitalizar o gigante das redes sociais.
A Relevância Cultural em Queda: Um Sinal de Alerta
Mark Zuckerberg expressou preocupações claras sobre o futuro do Facebook. Embora o engajamento esteja estável em muitos lugares, a percepção é de que a relevância cultural da plataforma está diminuindo rapidamente. Para o CEO da Meta, isso não é apenas um problema momentâneo, mas um indicador preocupante de possíveis problemas futuros.
“Quero garantir que tenhamos uma visão única para o aplicativo do Facebook que possa levar a um crescimento sustentável ao longo do tempo”, afirmou Zuckerberg em comunicações internas. “Mesmo que o engajamento do aplicativo esteja estável em muitos lugares, sinto que sua relevância cultural está diminuindo rapidamente e me preocupo que isso possa ser um indicador importante de problemas futuros.”
Os executivos da Meta discutiram diferentes visões para o futuro do Facebook em 2022, reconhecendo três pontos cruciais:
- A relevância cultural é essencial para o sucesso sustentável da plataforma
- A perda dessa relevância pode indicar problemas futuros mais graves
- O Facebook precisa de uma visão única e clara para garantir crescimento a longo prazo
O Modelo de Amizade: Uma Estrutura Ultrapassada?
Uma das principais preocupações identificadas é a estrutura fundamental do Facebook baseada em “amizades”. O que antes era um diferencial inovador agora é visto como potencialmente obsoleto em comparação com o modelo de “seguir” adotado por praticamente todas as outras redes sociais modernas.
“Fazer amizade parece fora de moda agora por pelo menos algumas razões”, explicou Zuckerberg. “Primeiro, os gráficos de amigos de muitas pessoas estão desatualizados e não preenchidos com as pessoas que desejam ouvir ou se conectar.”
Essa estrutura de amizade apresenta desafios significativos:
- Muitos usuários possuem redes de amigos desatualizadas
- O processo de adicionar novos amigos é considerado pesado e complicado
- A falta de relevância cultural torna ainda mais difícil expandir a rede de contatos
Zuckerberg teorizou que seria necessário “atualizar a estrutura do grafo do Facebook para que ele ganhasse relevância cultural e um caminho melhor a longo prazo”. Esta observação aponta para uma conexão direta entre o modelo de amizades e a relevância cultural da plataforma.
Soluções Radicais: Seguir em Vez de Adicionar
Para resolver esses problemas fundamentais, a Meta considerou abordagens drásticas. Uma das propostas mais significativas é a adoção completa do modelo de “seguir”, abandonando o conceito tradicional de amizade mútua que caracterizou o Facebook desde seu início.
“Todas as outras redes sociais modernas são construídas com base em ‘seguir’ em vez de ‘adicionar como amigo’, então parece possível que o aplicativo do Facebook esteja simplesmente desatualizado porque nunca adotou essa inovação fundamental”, observou Zuckerberg. “A maneira de corrigir isso seria adotar completamente o modelo de seguir.”
Esta mudança representaria uma transformação fundamental na identidade do Facebook, alinhando-o com:
- O modelo do Instagram e Twitter, baseado em seguidores
- A abordagem algorítmica do TikTok
- Comunidades estilo Reddit/Grupos
Além disso, foi considerada a eliminação do conceito de “curtir” páginas, simplificando ainda mais a experiência do usuário e modernizando a plataforma.
A Proposta Mais Radical: Apagar Todos os Amigos
Talvez a ideia mais extrema discutida internamente tenha sido a possibilidade de apagar completamente as redes de amigos dos usuários, forçando-os a recomeçar do zero.
“Uma ideia potencialmente maluca é considerar limpar os gráficos de todos e fazê-los começar novamente”, sugeriu Zuckerberg, reconhecendo a natureza radical da proposta.
Esta abordagem apresenta riscos significativos:
- Potencial perda massiva de usuários e engajamento
- Frustração dos usuários ao perderem suas conexões existentes
- Necessidade de reconstruir redes sociais do zero
Consciente desses riscos, Zuckerberg sugeriu testar a abordagem em um país menor primeiro, para avaliar se os resultados seriam positivos antes de implementá-la globalmente.
Retorno ao “OG Facebook”: A Aba de Amigos Renovada
Como parte dos esforços para restaurar a relevância cultural da plataforma, Zuckerberg anunciou em janeiro seu desejo de retornar ao “OG Facebook” em 2025, referindo-se à experiência original que fez da plataforma um fenômeno global.
Uma das primeiras iniciativas nessa direção foi o relançamento da aba de amigos, com foco renovado nas conexões pessoais. Esta abordagem busca:
- Reforçar o valor das conexões genuínas entre amigos
- Facilitar a descoberta e interação com conexões relevantes
- Resgatar a essência social que definiu o Facebook inicialmente
Esta estratégia representa uma tentativa de equilibrar a necessidade de modernização com o reconhecimento do valor original da plataforma.
A Necessidade Urgente de Uma Visão Única
O que fica claro nas comunicações internas é a urgência percebida por Zuckerberg em estabelecer uma visão clara e unificada para o futuro do Facebook. O CEO reconhece que, sem uma direção estratégica definida, a plataforma corre o risco de continuar perdendo relevância cultural.
“A posição do aplicativo Facebook na relevância cultural está profundamente ligada à estrutura do grafo de amigos, em oposição a outros princípios organizacionais”, observou Zuckerberg, destacando a necessidade de:
- Desenvolver uma visão única e coerente para a plataforma
- Garantir crescimento sustentável a longo prazo
- Evitar que o Facebook perca ainda mais relevância cultural
O Futuro do Facebook: Entre a Tradição e a Reinvenção
O Facebook se encontra em uma encruzilhada crucial. Por um lado, há o impulso para se reinventar radicalmente, adotando modelos que provaram ser bem-sucedidos em plataformas mais recentes. Por outro, existe o reconhecimento do valor histórico e único da estrutura original do Facebook.
As discussões internas reveladas mostram uma empresa consciente dos desafios que enfrenta e disposta a considerar mudanças fundamentais para garantir sua relevância contínua. A questão permanece: o Facebook conseguirá encontrar o equilíbrio entre preservar sua identidade original e se adaptar às expectativas dos usuários modernos?
O que está claro é que a Meta reconhece a importância da relevância cultural para o sucesso a longo prazo de suas plataformas. As decisões tomadas nos próximos anos serão cruciais não apenas para o futuro do Facebook, mas para o panorama das redes sociais como um todo.
À medida que a Meta continua sua busca por uma visão renovada para o Facebook, usuários e observadores do setor aguardam para ver se a plataforma que conectou bilhões conseguirá se reinventar e recuperar sua posição central na cultura digital contemporânea.
Fonte: Aisha Malik. “Emails reveal Meta’s struggles to keep Facebook culturally relevant”. TechCrunch. Disponível em: https://techcrunch.com/2025/04/15/mark-zuckerberg-once-considered-deleting-all-your-facebook-friends/