Por Roberto Dias Duarte*
Com a possível derrota da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, as mais diversas correntes de economistas têm se dividido quanto às consequências que isso trará para a conjuntura econômica do Brasil.
Enquanto para os mais pessimistas o ambiente para as reformas necessárias – política, tributária e trabalhistas – seria desfavorável, devido ao clima de revolta imposto pelos defensores da presidente, há os que acreditem numa reviravolta gerada pelo próprio desejo da população em ver o País voltar a crescer e criar empregos, contaminando positivamente a política.
Concretizando-se o cenário mais otimista, os prestadores de serviços contábeis estarão diante de um cenário ao mesmo tempo favorável e desafiador.
Isso porque contamos hoje com algo em torno de 45 milhões de pessoas envolvidas em atividades empreendedoras. Deste total, apenas cerca de 10 milhões atuam de maneira formalizada, das quais metade como microempreendedores individuais – ou seja, que ainda não estão no radar das empresas contábeis.
É enorme, portanto, o potencial de aumento de empresas que passem a demandar serviços de contabilidade nos próximos anos, quando o País se recuperar da recessão econômica.
Por outro lado, cresce também a chegada de empresas internacionais de olho nessa promissora fatia de mercado. Se na Europa inúmeras peculiaridades têm restringido a propagação de empresas de contabilidade e na maioria dos países da América Latina o ambiente econômico não favoreça grandes investimentos externos, no Brasil e na América do Norte ocorre justamente o contrário.
Grandes empresas e franquias contábeis americanas já começam a surgir em nosso país e, em algum momento, é inevitável que elas concorram diretamente com escritórios nacionais de todos os portes.
Na qualidade de empreendedor que atua no mercado contábil, tenho procurado me preparar desde já para este cenário, estimulando critérios e metodologias capazes de nos adequar cada vez mais às necessidades dos nossos clientes.
A vantagem, neste momento, está a favor de quem conhece a fundo o mercado brasileiro e sabe exatamente onde aperta o calo de cada segmento da economia nacional. Mas quais são as empresas contábeis que podem se orgulhar de prestar serviços de primeira linha para estes setores, sem precisar cair na mera competição por preço?
Por isso, é fundamental desde já que estes escritórios de contabilidade modernizem a sua gestão e busquem maneiras de realmente fazerem a diferença na vida de seus clientes, sob pena de serem engolidos pela concorrência internacional e por aqueles que buscaram se reinventar enquanto foi possível.
Agora, e se a presidente Dilma escapar do impeachment? Neste caso, teremos um cenário de absoluta imprevisibilidade política e econômica, tendo em vista a dificuldade de governar sem o apoio da maioria no Congresso e da profunda insatisfação da maioria da população com o governo atual.
De qualquer forma, porém, as empresas não devem – de jeito nenhum – depositar nas mãos do governo suas esperanças de expansão. É preciso tão somente identificar os setores e regiões mais favoráveis para receberem investimentos e elaborar estratégias para conquistar estes mercados.
Ou seja, com ou sem impeachment, sobreviverá aquele que melhor se preparar estruturalmente e souber aproveitar as diversas oportunidades de negócio que abundam pelo País.
*Roberto Dias Duarte é professor, palestrante e presidente do Conselho de Administração da NTW Franquia Contábil, primeira do gênero no país